“O colecionismo é algo inato no ser humano. Todos, na nossa infância, começámos a colecionar com selos ou caixas de fósforos ou com outra coisa qualquer. Mas, neste sentido, o que mais me influenciou foi a minha estada em Espanha. Para mim, Espanha é um país que tem um contato permanente com a História e a cultura (…) “, palavras de Hans Rudolf Gerstenmaier a quem se deve a generosidade da partilha desta sua paixão pelos grandes mestres da pintura flamenga com a comunidade cascalense e com quem nos visita.
As pinturas religiosas, os retratos, os temas mitológicos e as naturezas mortas misturam-se nesta coleção numa diversidade e qualidade raras. “Uma coleção que tem lugar em qualquer museu do mundo e que orgulhosamente acolhemos aqui no Centro Cultural de Cascais” afirmou, visivelmente satisfeito, o presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras, numa cerimónia de inauguração com lotação esgotada.
“É objetivo da programação de artes plásticas, elaborada pela Fundação D. Luís I para o Centro Cultural de Cascais, possibilitar o convívio com a arte maior muitas vezes só conhecida dos compêndios e da reprodução audiovisual” referiu ainda Carlos Carreiras.
Nas palavras de Salvato Teles de Menezes, presidente da administração da Fundação D. Luís I “esta é uma coleção com marca e cunho pessoal, produto da paixão e do esforço de Rudolf Gerstenmaier ao longo de uma vida. A coleção é muito rara não só em Espanha como em toda a Europa, com esta diversidade de temas, respeitantes a uma só época”.
Nas obras de caráter religioso destacam-se as pinturas que representam passagens do imaginário cristão como a infância de Jesus ou a Paixão e a vida da Virgem. Alguns exemplos são o Tríptico da Adoração dos Reis Magos, do Cículo do Mestre da Adoração von Groote e o Calvário de Victor Wolfvost. De grande beleza estética e técnica é a Virgem de Cumberland de Rubens.
A pintura de paisagem está representada na visão panorâmica das terras de Flandres sob os olhos e os pincéis de Joost de Momper, em colaboração com Jan Brueghel. As naturezas mortas estão também representadas com duas obras de Alexander Adriaenssen e de Jan van Kessel, que se destinaram a satisfazer uma nova clientela burguesa endinheirada e a decoração de palácios da nobreza mais exigente da Holanda e Itália.
Numa época anterior à existência da fotografia, os retratos encomendados pela realeza e alta nobreza também fazem parte desta coleção, espartilhando de alguma forma a imaginação dos artistas a um realismo necessário. Só com o tema da mitologia, também aqui representada, os pintores conseguiam dar azos à imaginação dotados de uma maior liberdade de criação artística, com ricos detalhes em que floreiros e grinaldas convivem com aves e outros animais de cores maravilhosas e harmoniosas com tamanho e beleza excecionais.
Organização: Bairro dos Museus | Câmara Municipal de Cascais e Fundação D. Luís I