Paula Rego escolheu a obra "Comeste? Sim, Mãe", a qual descreve - numa mensagem enviada pelo filho - como "um quadro bastante sinistro". A artista plástica portuguesa com mais notoriedade internacional acrescentou ainda sobre a obra que escolheu como vencedora: "Há qualquer coisa que vai acontecer. O quadro é desconfortável, o que é interessante, mas um pouco assustador", aponta, sobre o desenho, que ficará a fazer parte da coleção pessoal da pintora.
"Para estes jovens é um grande incentivo e privilégio puderem participar e ter aqui, por parte de Paula Rego, esta generosidade, disse Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais. Para o ano este prémio será aberto a todas as escolas de artes do país, aumentando assim o número de jovens em inicío de carreira que terão a oportunidade de partilhar um catálogo com a pintora, acrescentou.
Nicoleta Sandulescu visivelmente emocionada e surpreendida com a escolha da sua obra, "foi muito importante para mim a atribuição deste prémio, ouvir o meu nome foi uma grande honra. Agora é sempre em frente: sinto-me motivada e agradecida", disse sorridente.
Este foi o primeiro ano que "a mãe escolheu todas as obras que estão aqui expostas. O ano passado foi uma equipa da Faculdade de Belas Artes e a da Casa de Histórias, que fizeram uma seleção, Paula Rego escolheu a vencedora", disse Nick Willing, filho da pintora. Gostou muito desta mostra, tendo "passado dias a olhar para os quadros, a inventar histórias para cada um, a sonhar com o que estava dentro de cada quadro".
Nesta segunda edição, a pintora destacou mais cinco obras de que "gostou muito", segundo Nick Willing: "A aula de natação", de Maria Inês Alves, "Mrs May's dream", de Mariana Tilly, "Gira-sol", de Beatriz Fernandes, "Já estive aí", de Catalina Sandulescu, e "O Caçador", de Sara Tristão.
De acordo com a curadora Catarina Alfaro, da Casa das Histórias Paula Rego, um dos acontecimentos mais marcantes da vida de Paula Rego foi, segundo a artista, o prémio que lhe foi atribuído na competição anual "Summer Composition", enquanto ainda estudante da Slade School of Fine Art, em Londres, em 1954.
"Paula Rego afirma hoje que este prémio lhe deu a confiança necessária para continuar a pintar num contexto que não lhe era favorável, por ser mulher e por não ser britânica. Foi ao recordar o seu impacto que decidiu instituir, no museu dedicado à sua obra, o Prémio Paula Rego", recorda, sobre a criação do galardão.
Para a concretização do Prémio Paula Rego 2017 voltaram a reunir-se a FBAUL, a Casa das Histórias Paula Rego (CHPR) e a Fundação D. Luís I (FDLI), com o apoio da Câmara Municipal de Cascais (CMC) e a colaboração de Nick Willing, realizador do documentário "Paula Rego: Histórias & Segredos", estreado este ano.