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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA “RUTH ORKIN – A ILUSÃO DO TEMPO” | CENTRO CULTURAL DE CASCAIS

18 Abr 2024
O Centro Cultural de Cascais junta-se, assim, a um seleto grupo de museus internacionais a apresentar "Ruth Orkin – A Ilusão do Tempo", a primeira grande exposição antológica dedicada à obra da fotógrafa e realizadora de cinema Ruth Orkin (1921-1985), nome maior na história da fotografia.

Entre 28 de abril e 7 de julho de 2024, o Centro Cultural de Cascais apresenta "Ruth Orkin – A Ilusão do Tempo", a primeira exposição em Portugal dedicada à obra da fotógrafa Ruth Orkin, autora da "Rapariga Americana em Itália", uma das imagens definitivas da fotografia do século XX. 

O Centro Cultural de Cascais junta-se, assim, a um seleto grupo de museus internacionais a apresentar "Ruth Orkin – A Ilusão do Tempo", a primeira grande exposição antológica dedicada à obra da fotógrafa e realizadora de cinema Ruth Orkin (1921-1985), nome maior na história da fotografia. 

A exposição reúne cerca de 120 fotografias (grande parte reproduções vintage), – além de filmes, documentos e objetos originais, como cartas, excertos de jornais e revistas, páginas do diário pessoal de Orkin, e uma câmara fotográfica que lhe pertenceu – para construir um vívido panorama da sua trajetória artística e revelar a originalidade do seu ponto de vista, pessoal e íntimo, sobre as crónicas quotidianas da "vida americana".

A fotografia de Ruth Orkin, como revela a exposição "A Ilusão do Tempo", é uma celebração de coragem, independência e vitalidade. Filha de uma atriz do cinema mudo e de um fabricante de brinquedos, Orkin cresceu nos corredores dos estúdios de Hollywood. Aos 10 anos, com a sua primeira câmara, começou a fotografar. Aos 17 anos, sozinha, pedalou entre Los Angeles e Nova Iorque para visitar a Feira Mundial de 1939, fotografando pelo caminho para criar um road movie fotográfico. Em Cascais, estarão expostas algumas páginas do álbum de recortes "Viagem de Bicicleta, 1939" feito por Orkin, para documentar esta aventura.

A primeira paixão de Ruth Orkin foi a imagem em movimento, o cinema. Se a carreira de cineasta na primeira metade do século XX parecia inalcançável para as mulheres, Orkin foi capaz de redirecionar a sua vocação para a fotografia, cuja história ajudou a moldar. Se não conseguiu tornar-se cineasta, tornou-se uma das mais importantes fotojornalistas da história. Nas suas fotografias, como podemos observar na exposição, persiste uma sensibilidade cinematográfica. Orkin inventou para si uma nova linguagem visual, situada entre a imagem em movimento e a imagem fixa, conduzindo o olhar a um diálogo contínuo entre estas duas temporalidades.

Anne Morin, curadora da exposição, observa que "Orkin nunca deixou de combinar as qualidades temporais da imagem fotográfica para simular o cinema. Sequências, decomposição de movimento, duplicação, simultaneidade, a sua linguagem visual situa-se na junção da imagem fotográfica e do cinema, na encruzilhada da quietude e da ação. A fotografia de Orkin é um caldeirão, um espaço que restaura o tempo e o movimento, levando a linguagem fotográfica além dos seus limites até ceder ao poder da ilusão e da magia".

Muitas vezes Ruth Orkin fotografava cenas inteiras, mantendo o mesmo enquadramento para garantir a total linearidade do acontecimento. As imagens resultantes, apresentadas cronologicamente, contam uma história. Como por exemplo nos seus clássicos ensaios fotográficos "Jimmy conta uma história, West Village, Nova Iorque, 1947", as suas primeiras fotografias que viu publicadas, ou em "Os jogadores de cartas, Nova Iorque, 1952", ambos expostos em Cascais.

Embora aceitasse trabalhos encomendados por publicações como o New York Times e a revista LIFE, Orkin também teve a liberdade de criar trabalhos autorais. Em 1952, a fotógrafa utilizaria outro modelo narrativo, a fotonovela, para criar o ensaio "Não Tenhas Medo de Viajar Sozinha", sobre a experiência de viajar sozinha pela Europa do pós-guerra enquanto mulher, originalmente publicado pela revista Cosmopolitan.

É desta série que emerge "Rapariga Americana em Itália" aquela que se tornaria a sua fotografia mais conhecida e, sem dúvida, uma das imagens mais icónicas do século XX. Nela, a pintora americana Jinx Allen, que Orkin conhecera no dia anterior, caminha resolutamente numa rua de Florença, alheia à atenção indesejada dos homens que a rodeiam. Nessa imagem, que não foi encenada, culmina todo o poder narrativo da obra de Orkin. A maneira como a situação retratada é interpretada –uma cena assédio ou um estudo sobre o empoderamento feminino? – faz parte do seu enorme apelo duradouro e enigmático.

Durante a sua carreira, por diversas vezes voltou a aproximar-se do universo do cinema, retratando caras famosas como Alfred Hitchcock, Lana Turner, Lauren Bacall, Humphrey Bogart e Marlon Brando, além de personalidades de outras áreas como o fotógrafo Robert Capa, o maestro Leonard Bernstein e o cientista Albert Einstein. Todos estes retratos, que revelam a capacidade que Orkin tinha para retratar pessoas com candura e espontaneidade, poderão ser vistos no Centro Cultural de Cascais até 7 de julho de 2024.

Centro Cultural de Cascais
Avenida Rei Humberto II de Itália, Nº16, 2750-800 Cascais, Portugal

https://www.fundacaodomluis.pt/
Abertura ao público: Terça-feira a domingo, das 10h às 18h (última entrada: 17h40)

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