Até 2 de junho de 2024, a Galeria de Exposições do Palácio da Cidadela de Cascais apresenta uma seleção de esculturas em cerâmica da reconhecida artista e cineasta portuguesa Margarida Gil, reunidas na nova exposição Mise en Place, que se integra na programação do Bairro dos Museus.
Com curadoria de André Almeida e Sousa, a exposição Mise en Place reúne 30 obras em cerâmica de Margarida Gil, mais conhecida com uma das mais influentes cineastas portuguesas em atividade desde os anos 70, mas que também explora a escultura em cerâmica e a pintura como veículos para a sua expressão artística. A exposição contempla, ainda, uma escultura sonora especialmente criada pelo músico Paulo Abelho em conversação com as obras de Margarida Gil. Os textos que acompanham a mostra são assinados pelo curador, pela escritora Luísa Costa Gomes e pelo historiador de arte Pedro Arrifano.
Mise en Place, o título da exposição, provém de mettre en place que significa "ordenar", "dispor em ordem", "preparar". Para Margarida Gil, esse é o preponderante ato que antecede a mise en scène, tão usada no cinema, porque põe no lugar todos os elementos que, dotados de movimento, interagirão para compor uma cena.
Na mise-en-place que apresenta na Galeria de Exposições do Palácio da Cidadela de Cascais, a artista parece querer pôr ordem na desordem, não sem reconhecer a ironia em se anunciar a preparação para que tudo assuma o seu lugar quando o ambiente é um de constante mutação. Nas palavras do curador André Almeida e Sousa, "a suposta ordem implica várias pessoas, várias sensibilidades, relacionando-se e reverberando umas nas outras como as esculturas. Mise en Place afirma a dificuldade de um plano para o reencontro com o lugar fundamental – o lugar do humano".
As formas e as cores das cerâmicas de Margarida Gil reunidas nessa exposição remetem para motivos como a água, as montanhas, os minerais, as entranhas da terra e dos seres, os corais e as aves, mas também são imbuídas de mistério, como que alquímicas, tocam na mitologia e nas fábulas. A ordenação pela qual nos guia é um percurso cheio de enigmas, mas também de humor, que para a artista é um antídoto. Numa cerâmica que representa um sorridente pássaro, o visitante reconhecerá uma figura política familiar a todos, por exemplo.
Margarida Gil esculpe desde a juventude, primeiro incentivada por uma antiga professora de filosofia que a introduziu nessa arte. E o que faz são mesmo esculturas, não peças de cerâmicas meramente funcionais, que é o uso mais comum dado ao barro. "Detesto a leviandade com que muitas vezes se trata a cerâmica, nunca tive nenhuma tolerância pelo amadorismo na Arte; mas, para mim, isto é escultura, e acho que se a vida tivesse sido diferente, eu teria seguido Escultura. É uma atividade para mim absolutamente natural".
Maria Margarida Gil Lopes nasceu na Covilhã em 1950. Licenciou-se em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É Assistente Convidada na FCSH da Universidade Nova. Desde a década de 1970 dedica-se à realização de cinema e televisão. Mais recentemente, o seu filme Mãos no Fogo foi o único filme português a concurso na Festival de Berlim de 2024. Para além da realização, dedica-se às artes plásticas, tendo estudado gravura, desenho, pintura e cerâmica na Ar.Co em Lisboa.
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Exposição
MISE EN PLACE, MARGARIDA GIL
De 23 de março a 2 de junho de 2024
Palácio da Cidadela de Cascais | Galeria de Exposições
Av. Dom Carlos I
2750 – 642 Cascais
Abertura ao público: de terça a domingo, das 10h00 às 13h00 e as 14h00 às 18h00 (última entrada às 17h40)