"As crianças perdidas no êxodo" titula o Paris Match de 30 de Maio de 1940, relatando a fuga de nove crianças perdidas durante o êxodo da Bélgica para a França, fugindo ao avanço das tropas nazis. Quatro delas foram encontradas num autocarro vindo do norte de França. As outras cinco, presume-se, que terão sido recolhidas ao longo do caminho, noticiava o Paris Match de 30 de maio de 1940.
80 anos depois, os alunos do 12.º F da Escola Secundária Fernando Lopes Graça, na Parede, foram à procura do rasto destas nove crianças. Um projeto, designado 'Onde Estão as Crianças?', desenvolvido pelo Espaço Memória dos Exílios (Estoril) e executado pelos alunos foi escolhido como estudo de caso por um dos membros do Experts Group on Competences for Democratic Culture do Conselho da Europa, grupo esse que reúne especialistas nacionais e internacionais e é o autor do Quadro de Referências das Competências para a Cultura Democrática. O Experts Group considera este projeto um exemplo de referência nas parcerias entre museus e escolas que desenvolvem práticas de cidadania democrática e participativa.
O projeto
Coordenados pela professora de História, Cristina Antunes, pelo professor de Aplicações Informáticas, Paulo Gonçalves, e pela professora de francês, Ana Toulson, este projeto iniciado no ano letivo 2019/2020 e que continua a envolver os seu participantes apesar de terem já deixado a escola, desenvolveu competências e conhecimentos úteis na formação académica e cívica dos participantes.
'Ao conjugar o ensino da história com a experimentação tecnológica num projeto de investigação aberto, 'Onde Estão as Crianças?' promove-se "o conhecimento histórico, o desenvolvimento de capacidades de pensamento crítico e de empatia, essenciais na prática de uma cidadania ativa e na defesa da cultura democrática', justificaria Luísa Black, membro do Experts Group.
Para a professora de História, Cristina Antunes 'O projeto ofereceu aos alunos um contacto direto com a investigação histórica e desenvolveu competências na área da informação, da comunicação, do raciocínio e resolução de problemas, e do pensamento crítico e criativo.'
O Espaço Memória dos Exílios (EME) que teve o papel de espoletar este e outros projetos, estuda e divulga as memórias dos refugiados que se alojaram em Portugal e particularmente em Cascais, durante os grandes conflitos europeus do séc. XX. O EME foi criado pela Câmara Municipal de Cascais em 1999, a sua programação está a cargo da Fundação D. Luís I e fica localizado no Edifício dos Correios do Estoril.