O leque "Viagens do Amor" é datado do primeiro quartel do século XIX (1816-1826), tendo sido adquirido pelo Museu Condes de Castro Guimarães em 1932. Este exemplar pertence a uma tipologia de leques rara, conhecendo-se apenas, em coleções públicas na Europa, um no Museu Nacional do Traje, outro no Museu Nacional de Artes Decorativas de Madrid e outro no Museu Alemão do Leque.
Trata-se de um leque com folha em papel plissado pintado nas duas faces, representando o tema das "Viagens do Amor". Apresenta na frente ou anverso da folha, como motivo decorativo central, oito veleiros no mar, ostentando os pavilhões de diferentes potências detentoras das Companhias das Índias. Sobre o veleiro em primeiro plano surge um Cupido com a aljava, o arco e duas flechas na mão direita. A face oposta é decorada com o mapa das "Viagens do Amor", título inscrito na cartela inferior, que lembra o esboço da Boca do Tigre, um curto estreito no delta do Rio das Pérolas.
A inscrição e as legendas das diversas alegorias ao longo da viagem através do "Mar das Esperanças" estão escritas em português, à pena com tinta da China/nanquim. Por exemplo: "Terreno do Coração"; "Torrente da Simpatia"; "Promontório dos Suspiros"; "Baixios do Engano"; "Sorvedouro dos vícios"; "Ilha dos Ciúmes", um vulcão em erupção; "Rumo da Constância" e "Porto de Felicidade".
Devido à sua progressiva fragilidade, a peça foi recentemente objeto de um cuidadoso tratamento de conservação por parte do Laboratório José de Figueiredo (LJF), a entidade pública de referência nacional na área da Conservação e Restauro. O trabalho consistiu na limpeza das duas faces da folha e da armação, separação pontual das faces da folha na zona de rasgão para colocação de reforço em papel japonês com cola de amido, reintegração cromática com retoque de aguarela e têmpera nas lacunas e rasgões que foram preenchidos e aplicação de pequenos fragmentos de folha de ouro e têmpera dourada na reintegração das lacunas nas zonas douradas.
Atendendo à delicadeza dos materiais de suporte, o leque não pode ser manuseado com frequência, devendo manter-se em reserva na embalagem que foi elaborada para o seu correto acondicionamento: uma caixa em polipropileno preenchida por espuma do mesmo material e forrada com papel japonês. Sobre o conjunto, colada na tampa da caixa, uma placa permite fixar a peça no seu espaço para que seja facilmente removida e observada pelo público, no contexto das solicitações periódicas por parte de especialistas nacionais e estrangeiros e de visitas temáticas.
Este tratamento e acondicionamento do leque pelo LJF decorreu ao abrigo da colaboração técnica prevista na Lei-Quadro dos Museus (2004), nomeadamente no âmbito da Rede Portuguesa de Museus, à qual o MCCG pertence desde 2011.