Exposição prolongada até 23 de abril.
Pela primeira vez é mostrado ao público um notável conjunto de obras de Rosa Ramalho (1888-1977), uma das mais conhecidas bonecreiras portuguesas do século XX. A exposição, que reúne mais de uma centena de peças propriedade dos herdeiros do colecionador Tito Iglésias, decorre na Galeria de Exposições do Palácio da Cidadela, de 13 de novembro a 2 de abril de 2023, no âmbito da programação do Bairro dos Museus. A curadoria é de Isabel Maria Fernandes.
ROSA RAMALHO: As Escolhas de um Colecionador, dá a conhecer o vasto trabalho da bonecreira barcelense, através das escolhas do colecionador Tito Iglésias, evidenciando os aspetos em que Rosa Ramalho explora a imitação de peças que aprendeu a fazer ainda em menina, no final do séc. XIX, e aquelas em que é notória a sua reconhecida criatividade figurativa através da qual evoca o surrealismo, o real e o fantástico.
O percurso pelas várias salas deste espaço cultural de Cascais possibilita o conhecimento das técnicas utilizadas pela escultora, ceramista e oleira na produção de figurado e o modo como tratava temas como a vida quotidiana, a festa e os divertimentos, a religião, a fauna, o bestiário e o bicho feroz com boca de lampreia.
Tito Iglésias (1933-2014) foi gestor hoteleiro e promotor turístico, tendo sido nesse contexto profissional que conheceu Rosa Ramalho: a partir dai tornou-se um dos grandes admiradores do trabalho da bonecreira, tal como outros intelectuais daquela época, deixando-se encantar pela sua obra. Visita-a, adquire e encomenda-lhe peças. A dimensão da coleção impediu que a maioria dos exemplares pudesse ser exposta na sua residência,
ficando muitas peças guardadas durante mais de 50 anos e retiradas do local onde se encontravam pela filha e neta do colecionador, com o objetivo de mostrar, emprestar e conservar este património.
ROSA RAMALHO: As Escolhas de um Colecionador, estará patente na Galeria de Exposições do Palácio da Cidadela de 13 de novembro a 2 de abril de 2023, de terça-feira a domingo, entre as 10h00 e as 18h00 (última entrada às 17h40).
ROSA RAMALHO | Rosa Barbosa Lopes nasce a 14 de agosto de 1888, em S. Martinho de Galegos. A sua ligação com o barro dá-se cedo. Numa terra onde os artífices da cerâmica abundavam, ainda menina, rondaria os sete anos de idade, aprendeu esta arte com uma vizinha e começou a fazer pequenas cestas e figurinhas de barro figurado (o divertimento e a delícia da pequenada), que se vendiam em Barcelos e pelas feiras, festas e romarias do norte de Portugal. Não andou na escola, não sabendo ler nem escrever. A 20 de fevereiro de 1908, antes dos 20 anos, casa com António da Mota, moleiro de profissão. Durante os quase 50 anos em que foi casada, dedica-se a ajudar o marido nas diversas tarefas da vida de moleiro, bem como a cuidar dos filhos e da casa, continuando também a fazer figurado. Morre a 24 de setembro de 1977, em sua casa, em S. Martinho de Galegos, Barcelos. A título póstumo, a 9 de abril de 1981, é agraciada com o grau de dama da Ordem Militar Sant'Iago da Espada e a 31 de agosto de 2022 recebe a medalha de Honra da cidade de Barcelos (grau Ouro).