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Parabéns PALCO13

20 Abr 2020
Uma década a fazer do teatro um serviço público

Um novo site (www.palco13.pt)  e transmissão em streaming (segundas-feiras/21h) de algumas das peças encenadas nestes 10 anos de existência são a forma possível de comemorar esta data, em tempos de pandemia e de confinamento em casa.

"O que era para ser apenas um espetáculo transformou-se em trinta e dois. O que era para durar dois meses das nossas vidas prolongou-se por dez anos. Não nos pesa o tempo, mas sim a necessidade de o justificar e de o tornar útil e único. A urgência de reinventar, para que o Teatro continue vivo e funcional, é o maior desafio no decorrer de uma década".

É assim que Marco Medeiros, encenador e diretor da Companhia cascalense nos convida a uma viagem criativa que começou no dia 13 de abril de 2010.

A maior parte dos elementos da PALCO13 desenvolveu a sua aprendizagem na Escola Profissional de Teatro de Cascais, pelo que a companhia nasceu de um desejo de criar no concelho um projeto teatral que permitisse explorar uma linguagem e um caminho próprios.

"Quisemos fugir ao já feito, ao estereótipo do teatro para pequenos grupos, ao fechado, e procurar temas e formas que nos permitissem chegar a quem não costuma ver teatro, mantendo connosco quem gosta de ver teatro. Trabalhar para um público que se quer cada vez mais vasto e variado", afirma Marco Medeiros.

Para garantir que todos podem ter acesso aos espetáculos os bilhetes são muito acessíveis. O certo é que têm quase sempre casa esgotada durante todo o tempo que dura um novo espetáculo. Um feito admirável tendo em conta que não estão no epicentro de Lisboa, ao mesmo tempo que trazer público ao teatro é o grande desafio de companhias maiores e com mais recursos.

Outra coisa que espanta quem vai assistir aos espetáculos da PALCO13 é a quantidade de jovens que se encontra entre o público. Aliás, esse é um dos objetivos da companhia: fazer teatro para todas as idades, estabelecendo um constante diálogo intergeracional.

Por isso, em 2016/2017 a companhia criou uma segunda programação paralela, destinada exclusivamente ao público infantil, com trabalhos apresentados quer no teatro, quer em espaços habitados pelas crianças: ATLs, escolas, colégios, tanto em Cascais como em Lisboa, tendo levado um deles a Elvas.

"São trabalhos com propósitos múltiplos que pretendem incentivar o gosto pela leitura, explorar capacidades sensoriais, desenvolver o gosto pela música e pelo teatro tendo em vista não só o desenvolvimento das crianças no presente como também a formação de novos públicos", pode ler-se no novo site da PALCO13. Aos fins de semana, no Parque Palmela, a companhia tem no seu currículo espetáculos especialmente dedicados aos mais novos, ainda que devam ser assistidos por toda a família.

"Queremos um Teatro de serviço público e sustentável. Um trabalho de rigor a favor do entretenimento, da participação na sociedade a que pertencemos, da intervenção na vida de Cascais", explica o diretor da companhia.
Os textos apresentados pela PALCO13 ao longo destes 10 anos impõem-se pela pertinência de temas, importância dos autores, desejo de pegar em clássicos e dar-lhes uma roupagem atual que os aproxime do público de hoje.

A PALCO13 montou, em média, três espetáculos diferentes por ano. Foram 31 textos, adaptados ou de produção própria, entre os quais "Muralhas de Elsinore", "Dois Reis e Um Sonho", "O Pranto de Maria Parda", "Ernesto", "Feio", "Yellow Moon", "Tudo Bem?" e "Ricardo II", entre outros. A companhia conta, ainda, com uma longa-metragem a partir de um texto de criação própria: "O Protagonista", de Luís Lobão, realização de Sérgio Graciano (2016). Desde o início da sua existência a companhia conta, com o apoio da Câmara Municipal de Cascais e da Fundação D. Luís I. A maior parte da sua atividade desenvolve-se no Auditório Fernando Lopes Graça, no Parque Palmela.

Numa época em que "somos atualmente atacados por uma frente invisível, que ameaça e confronta a nossa existência (Teatro), ela impede-nos a celebração deste aniversário como era habitual fazê-lo", refere Marco Medeiros, acrescentando que este é também o tempo de lembrar a "efemeridade em que vivemos e a imprescindibilidade do Teatro na sociedade, como réplica do que somos ou do que queremos ser"

E deixa-nos uma mensagem de esperança: "Mais do que nunca, a PALCO13 é o reflexo do Mundo: queremos estar juntos e avançar, sem receios, sem máscaras e sem distâncias".

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